E agora, acabou?


O resultado das eleições de ontem, dia 30, confirmaram a vitória da coalizão democrática encabeçada por Lula e pelos partidos de centro e centro-esquerda, mas que contou com forte adesão de grande parte do centro e da centro-direita (liberais, em geral).
É importante ressaltar que, mesmo que seja uma vitória plural, e que vá além das fronteiras da esquerda, há um projeto vencedor, ao qual esta coalizão nunca renunciou: democracia por meio do respeito às instituições, à imprensa livre e às leis, justiça social - igualdade de oportunidades, erradicação da miseria e da fome, mais qualidade e oferta de serviços públicos, sustentabilidade, repeito/dignidade/direitos/proteção às minorias e emprego de qualidade + renda.
É fundamental reforçar que mesmo que as eleições sejam a cada 4 anos, as decisões dos governos são reflexo da disputa politica  constante na sociedade entre os diversos grupos de interesses.
Os políticos eleitos, sejam do executivo ou do legislativo, estão sempre atentos ao calor do momento e às pressões da sociedade e dos veículos de comunicação/mídias sociais (seja por consciência, seja por pragmatismo e ambições eleitorais). Com isso, as prioridade dos projetos de lei e o espaço no orçamento são influenciados por todos nós.
Há, hoje, grupos que, conscientes disso, atuam ostensivamente para brigar por seus interesses, como o mercado financeiro, federações industriais, associações, sindicatos (as organizações dos trabalhadores tem cada vez menos força e capacidade de mobilização, ainda mais após as ofensivas que sofreram dos anos 90 em diante e também das mudanças no mercado - terceirização, pejotizacao, automação de processos. mecanização)
Por este motivo, precisamos estar atentos, acompanhar as notícias em diferentes meios e veículos, dialogarmos, enxergarmos a realidade local da economia e das relações sociais, nos posicionarmos nas ruas e nas redes, cobrarmos e pressionarmos os políticos, de forma que nossa voz seja sempre ouvida (para isso, é muito importante fazer parte ou apoiar coletivos que representem e ampliem nossas vozes).
O maior antídoto contra a ignorância, a violência e a manipulação é o conhecimento e a capacidade de mobilização. Não são as armas que nos tornam livres e independentes, mas a união de conhecimento, consciência  e prática. 
Se não participarmos da política, seremos dominados por quem o faz.
O processo de reconstrução do país será longo, difícil e dependerá muito do engajamento da sociedade. Somente este amadurecimento permitirá uma democracia cada vez profunda e forte.


Octávio Carvalho
Jornalista

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