Brasil Hoje: Economia à Deriva e Passividade dos Agentes Econômicos

Sempre que nos aproximamos das eleições presidenciais, é muito comum a discussão nos meios de comunicação sobre qual será o candidado ungido pelo "mercado", ou seja,  aquele que possui mais compromisso com os interesses dos grandes investidores e dos gestores das principais instituições financeiras (o que não é ilegítimo, em sua essência).
Para muitos jornalistas e comentaristas de economia, a validação deste pequeno grupo de poderosos confunde-se com os interesses do país e da maioria da população.
Desigualdade e exclusão social, desemprego, criminalidade, saúde pública e democracia? Nada disso é relevante. O que os agentes econômicos (ou o "mercado", como preferem) querem saber é se haverá redução de impostos (via disciplina fiscal e redução indiscriminada do tamanho do estado e das políticas de proteção social e inclusão), redução de direitos trabalhistas ( trabalhador é custo)  e privatizações (para que eles passem a lucrar com serviços de interesse publico, geralmente em áreas de pouca competição).
É fundamental lembrar que alguns membros deste "mercado" ( ainda minoritários)dos que reclamam do governo Bolsonaro, embarcaram de corpo e alma em sua campanha há três anos, acreditando que um candidato tosco, despreparado, autoritário e nacionalista, com histórico de maracutaias, faria um transplante de cérebro e tornaria-se um estadista liberal, demócrata e ético. Outros, mais realistas, mandaram os escrúpulos às favas: se me fizer lucrar ( reformas e privatizações), terá carta apoio para o que quiser.
Hoje, na economia conduzida pelo oráculo dos pretensos liberais, temos: combustíveis caros, perspectiva de racionamento de energia, juros e inflação galopantes, desemprego, dólar a patamares impraticáveis, divida pública crescente, estagnação econômica.  Na política daquele que iria mudar tudo o que está aí,temos: crise institucional, aparelhamento do estado, PGR sem pudor de prevaricar, gestão genocida da pandemia, recordes de desmatamento, descumprimento do conceito de estado laico, estímulo ao garimpo e à grilagem de terras, estímulo ao armamento descontrolado e desordenado da população, intervenção nas universidades, política externa suicida, esfacelamento das políticas de saúde pública, educação e cultura, enfim, um descalabro, que vai de má fé à incompetência e à corrupção.
Para o eleitor comum (que não seja milionário/bilionário) vale sempre lembrar que quando nós jornalistas falamos sobre o que o "mercado" acha de um candidato ou de uma lei ou medida governamental, isso não tem nada a ver com os seus interesses.

Octavio Carvalho - Jornalista


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